terça-feira, 27 de outubro de 2015

Índios celebram cultura


Os cerca de 400 índios de etnias paraenses foram destaques na programação cultural dos jogos Mundiais indígenas, que estão sendo realizados em Palmas (TO) até o dia 31 deste mês. Os Assurini do Tocantins, Kayapó Gorotire e Gavião se apresentaram na Arena Green, na tarde de sábado, 23, e animaram o público. Um verdadeiro exército de jornalistas também acompanhou a programação, que encerrou por volta das 22 horas com desfile das candidatas à musa indígena dos Jogos e show pirotécnico. Os jogos são considerados como uma celebração da cultura indígena e a oportunidade de promover o intercâmbio entre diferentes povos, danças e cultos. A realização de rituais e a interação com a cidade são as atividades realizadas pelos indígenas que já chegaram a Palmas e aguardam o início dos embates.
No domingo, o evento prosseguiu com disputas de futebol, arco e flecha, corridas de cem metros e canoagem, entre outras modalidades. O coordenador das provas e exibições tradicionais, Carlos Terena, conversou com os jornalistas e disse que os problemas registrados na noite de abertura dos Jogos foram pontuais. “O importante é que estamos aqui reunidos para esta celebração. Os problemas em eventos grandiosos são naturais e precisamos entender e estar preparados para contorná-los”, disse à reportagem da Agência Pará.
O público tem marcado presença na Arena Green, com capacidade para cinco mil pessoas. As filas para entrar no palco dos jogos começam a se formar desde muito cedo. No interior do complexo, o visitante ainda encontra uma feira de artesanato mundial, ações de agricultura familiar indígena, a Oca da Sabedoria, museu com equipamentos digitais, além da praça da alimentação. O show no centro de Arena Green é dos índios. A programação de sábado reuniu exibições dos povos do México e da Mongólia, além dos paraenses.
HABILIDADES
Os arqueiros da Mongólia fizeram exibições com arco e flecha, demonstrando extrema habilidade e pontaria com a utilização desses instrumentos, tudo ao som de cânticos nativos para saudar os espíritos. Mas o que chamou a atenção foram as roupas tradicionais usadas por eles, um figurino que contrasta com o calor de mais de 30 graus de Palmas. Homens e mulheres se apresentaram vestidos com uma capa colorida, botas e chapéus nas cores azul, rosa e dourado.
Os mexicanos, que estão numa delegação numerosa, de 70 pessoas, fizeram a exibição do “Pelota Mixteca”, algo inédito no Brasil. Segundo o chefe da delegação, Salvador Diaz, trata-se de um esporte milenar que utiliza uma bola pequena e luvas pesadas, somando até seis quilos. Dez homens disputam a prova, que segundo a tradição foi resgatada pelos antigos indígenas da etnia Oaxaca, originária do sul do México.
“A descoberta dessa modalidade veio dos sítios arqueológicos. Estamos muito felizes em estar no Brasil pela primeira vez e poder mostrar isso ao público”, informou o chefe da delegação. O colorido das indumentárias e um estandarte com penugem de ganso também despertaram a atenção do público. Os índios paraenses aproveitaram a ocasião para também fazer um intercâmbio. Foi assim com o jovem guerreiro Demoti Kayapó Gorotire, de Cumaru do Norte, que acompanhou atentamente a apresentação. “Achei muito bonito e diferente”, disse o rapaz.
DANÇA DA ONÇA
Após as exibições das delegações estrangeiras, chegou a vez das etnias paraenses entrarem na Arena Green. Os primeiros foram os Assurini, do Tocantins, que exibiram a Dança da Onça, segundo as tradições daquele povo usada para espantar os “inimigos” da aldeia. Em seguida, entraram na arena os povos Tapirapé, do Mato Grosso, que fizeram uma exibição rápida para mostrar a beleza de suas pinturas corporais e adereços, como colares, pulseiras e saias. Os Kayapó Gorotire fizeram a exibição do Rõnkrãn, que utiliza uma bola de coco e uma borduna, espécie de bastão de madeira.
A famosa Corrida de Tora, do povo Gavião, levantou o público. Mais de vinte guerreiros se dividem para conduzir a tora, que pesa mais de 50 quilos, dando a volta na arena. Houve ainda participação de índios da etnia Xavante, do Mato Grosso, que fizeram questão de participar da corrida.
Os jogos também estão com programação paralela nos segmentos culturais e de esporte. Estrelas como o capitão campeão Cafu, da Seleção Brasileira de Futebol; Giba, do voleibol, e os atores globais Vitor Fasano, Lucélia Santos e Marcos Frota também participam da programação dos Jogos Indígenas Mundiais.
Das 24 etnias nacionais que participarão da competição, cinco são paraenses: Assurini do Tocantins, de Tucuruí; Gavião Kyikatêjê e Gavião Parkatêjê, que vivem na terra indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins; os Wai-Wai do município de Oriximiná; e os Kayapo Mebêngokrê, do município de Tucumã. No total, cerca de 400 índios representarão o estado do Pará.
As etnias participantes dos Jogos Mundiais foram selecionadas pelo Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), que observou nas edições nacionais critérios como idioma, crenças, ritos, pinturas corporais, músicas e os esportes praticados pelos índios. A principal estrutura para a prática das modalidades é a Arena Verde, que concentrará grande parte das modalidades e tem capacidade para cerca de 10 mil pessoas. (Pararijos NEWS)

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