sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Desastre atinge moradores de Barcarena

Acidente despejou óleo e carcaças de bois em praias e igarapésAcidente despejou óleo e carcaças de bois em praias e igarapés
Um levantamento divulgado, ontem, pela prefeitura de Barcarena mostrou que o acidente ocorrido no porto da Companhia Docas do Pará (CDP), no último dia 6, causou vários prejuízos aos moradores de Vila do Conde, em Barcarena. A conclusão está no Diagnóstico Socioeconômico preparado pela equipe de servidores da Secretaria Municipal de Assistência Social. Durante 15 dias, os técnicos da Semas visitaram famílias que moram nas áreas afetadas e aplicaram questionários para identificar os problemas causados pelo desastre ambiental.
No documento, a Secretaria de Assistência Social relembrou que o navio Haidar, de bandeira libanesa, adernou no cais da CDP com quase cinco mil bois e 700 mil litros de combustível. Parte do óleo da embarcação vaziou e dezenas de carcaças dos animais mortos saíram da área de contenção no porto e foram parar na Praia do Conde, a partir do dia 12 de outubro. Para ficar mais perto dos atingidos pelo acidente, uma base de operação foi montada no Centro de Referência em Assistência Social - CRAS Conde -, onde foi dado o prosseguimento às ações emergenciais na comunidade.
Pelo menos 86 pessoas da Semas foram envolvidas no trabalho de assistência aos moradores. Vinte delas foram a campo entrevistar as pessoas que têm casas perto do local do acidente. Para construir o diagnóstico, os entrevistadores foram a 786 famílias, que totalizaram 2.913 pessoas. Elas foram ouvidas entre os dias 9 e 23 de outubro, em 12 comunidades diferentes. Do total de famílias entrevistadas, 625 tiveram algum prejuízo. “Do total de famílias identificadas pelo diagnóstico, pelo menos 79,4% relataram ter sofrido algum prejuízo, seja ele de ordem econômica, material ou mesmo à saúde”, apontou o relatório da Semas.
Ainda segundo o documento, “28,64% das famílias visitadas foram caracterizadas como ribeirinhas, 46,06% apresentaram alguma relação com a pesca e apenas 28,18% desse total apresentou algum vínculo formal com a atividade pesqueira”. Os pesquisadores da Semas concluíram também que, “dentre as pessoas entrevistadas, pelo menos 53,69% já recebiam algum tipo de atendimento gerenciado pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Aproximadamente 27% eram atendidas pelo CRAS de Vila do Conde e 51,40% afirmaram estar inscritas no Cadúnico (Cadastro Único para Programas Sociais)”.
Conforme ainda o diagnóstico, “do total de pessoas entrevistadas, 7,0% não possui ou não apresentou nenhum documento de identidade, como RG ou CPF. Das 786 famílias entrevistadas, 82 famílias encontram-se em situação de extrema pobreza e pelo menos 19 não reportaram renda alguma, relatando sobreviverem por meio de doações. Do total de famílias alcançadas pelo presente diagnóstico, 346 são beneficiadas por algum programa de transferência de renda, sendo que 314 recebem Bolsa Família, 37 recebem Benefício de Prestação Continuada e 20 são beneficiárias do programa Municipal Bolsa Cidadã.
A Secretaria de Assistência Social concluiu o relatório dizendo que “ainda não é possível calcular os danos com precisão, visto que as proporções permitem que até as regiões mais distantes do epicentro da crise sintam os impactos do referido acidente. No entanto, os prejuízos imputados à comunidade local, especialmente aquelas localizadas nas regiões mais próximas ao acidente, são inquestionáveis e demandam uma ação efetiva de reparação”.
Barcarena espera por reparação a danos
“Nós estamos correndo atrás das indenizações pelo desastre ocorrido”, disse, ontem, o prefeito de Barcarena, Antônio Carlos Vilaça. “Se a gente não se unir, isso vai acabar só em cesta básica”, completou. O encontro entre o prefeito e um grupo de moradores de Vila do Conde ocorreu, pela manhã, durante uma audiência pública ocorrida no salão social da igreja de São João Batista.
Vilaça disse que a prefeitura está trabalhando para que os responsáveis pela tragédia providenciem a reparação pelos danos causados na comunidade. “Vamos entrar (na Justiça) com uma ação de reparação por danos econômicos e morais”, garantiu.
A reunião foi promovida pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que se comprometeu em ajudar. O prefeito foi um dos convidados do evento e foi muito aplaudido em sua fala. (Pararijos NEWS)

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