terça-feira, 18 de agosto de 2015

Publicitário reforça poder do impresso


Na tarde da última sexta-feira, dia 14, em São Paulo, o publicitário Nizan Guanaes, do grupo ABC, deu uma entrevista para o jornal “O Globo”. Na entrevista, ele destacou a campanha publicitária para a Associação Nacional de Jornais (ANJ) que entra no ar na próxima quinta-feira, dia 20, intitulada “Nunca se leu tanto jornal”. A campanha destaca a relevância que o veículo continua tendo na vida das pessoas. Abaixo, trechos da entrevista:
n    Como avaliar o ceticismo que surgiu em torno da sobrevivência dos jornais com o advento da mídia digital?
o    Estamos num momento de grande transformação. Tanta transformação no mundo, nos hábitos de consumo, que é natural que haja uma insegurança. O que fizemos? Fomos pesquisar os fatos, e os fatos mostram que os japoneses não estão enganados em pagar US$ 1,3 bilhão pelo “Financial Times”. A relação do homem com o seu jornal é muito profunda. As pessoas falam que o jornal no papel vai acabar, e eu digo: no mesmo dia que acabar o papel em dinheiro. O homem tem relações inexplicáveis com seus hábitos. Ainda se diz: ninguém mais lê jornal. Mas quando um artista leva uma nota zero da Patrícia Kogut (colunista do Globo), ele fica dois dias sem dormir. Não é verdade?
n    O senhor já fez uma campanha antes (em maio) em defesa dos jornais. Qual o mote agora?
o    O nome da campanha é “Nunca se leu tanto jornal”. É fato: 73 milhões de brasileiros leem jornal impresso, 50 milhões de brasileiros leem notícia na internet, quase metade lê todos os dias, 84% dos leitores buscam informações no jornais. Para cada leitor da versão impressa do “The New York Times”, existem dois da versão digital. É o tempo todo fundamentando essa importância: 461% é o aumento dos acessos mobile dos três maiores jornais do Brasil, 68% dos links compartilhados na internet durante as eleições vieram dos jornais, 15 vezes mais que os links de blogs.
n    Num momento de desafios, qual ativo deve ser preservado pelos jornais?
o    Credibilidade. Não se constrói marcas jornalísticas da noite para o dia. Isso tem história, tem família, tem estofo, tem aderência. Jornal é como time de futebol, é uma coisa com a qual você se identifica.
n    E o fato de hoje compartilhar-se essa notícia em diferentes plataformas?
o    É melhor. Tanto que antes eu lia jornal todo dia, agora eu leio jornal o dia todo (referindo-se a um dos slogans da campanha). E isso é verdade, eu passo o dia inteiro no meu celular vendo informações, como está o dólar. Então, essa campanha é argumentativa, com as coisas que estão acontecendo.
n    Como será a veiculação da nova campanha?
o    Em todos os jornais mais importantes do país. Inclusive no digital. Vamos usar exatamente a plataforma de que estamos falando (que combina a veiculação das notícias entre o papel e as mídias digitais). Esse não é um trabalho que acontece da noite para o dia. Por isso, as peças têm todos os formatos, o que lhe dá longevidade. E vai passar por argumentos como “Você lia jornal com as duas mãos, agora você lê com o dedo” (sobre a leitura no celular), “Antes você lia jornal no jornal. Hoje você lê no tablet, no celular e até no elevador”. Ou “Antes o jornal fechava na noite anterior. Hoje ele está sempre aberto”. Tem uma expressão muito boa nos Estados Unidos, e que eu gosto muito. É fact free, que se refere a coisas que vão sendo repetidas e não são fato.
n    Como assim?
o    É assim: o livro vai acabar, todo mundo só vai ler no Kindle, mas isso não aconteceu. Acho que somos ruins em prever o futuro. Pelas previsões, hoje eu e você estaríamos vestidos como os Jetsons (personagens do antigo desenho animado produzido pela Hanna Barbera), de alumínio, comendo pílulas, e o mundo foi exatamente para o contrário. Em vez de pílula, as pessoas hoje comem produtos orgânicos, têm hortas. O rádio ia acabar, a televisão ia acabar. Então, essa é uma campanha baseada em fatos e argumentos. Nunca se leu tanta notícia.
n    Mas não é fato que as novas gerações não leem?
o    As novas gerações sempre leram pouco. Sim, mas elas estão lendo jornal, o que não fazem é ligar o nome à pessoa. Nas redes sociais, também se dizia que as pessoas parariam de escrever, e nunca se escreveu tanto como hoje. O que temos de desafio no horizonte dos jornais é como cobrar (pelos acessos nas plataformas digitais). É o hábito de cobrar. E eu acho que as pessoas estão aprendendo a pagar por filmes, a pagar por música. E elas aprenderão a pagar para ler o jornal. Esse é o desafio que enfrentamos.
n    Do ponto de vista publicitário, como o senhor vê o cenário para a mídia impressa?
o    É um veículo fundamental. Mas temos que pegar nossos fatos e vamos trabalhar para mostrar que não há free lunch (almoço grátis). Mas há um desafio, que é como fazer para as pessoas comprarem fácil (jornais em plataformas digitais), algo rápido, comprou, pagou. É como aconteceu com a música, começou livre (na rede) e hoje as pessoas pagam via Spotify, iTunes.
(Pararijos NEWS)

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