quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Escola aparece em 1º e 80º lugares no ranking

Uma manobra jurídica muito utilizada em outros Estados chegou de vez ao Pará e colocou uma pequena escola de Icoaraci em primeiro lugar no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, divulgado ontem. O artifício é relativamente simples: o Colégio de Ensino Icoaraciense-CEI (CNPJ 05.465.008/0001-47) criou mais um CNPJ, diferente do original da instituição (Centro de Estudos Icoaraci Ltda.–CEI (CNPJ 03.415.913/0001-47), mas com o mesmo endereço. Em seguida, reuniu os poucos e melhores alunos nessa segunda empresa e inscreveu os dois colégios no exame. Isso fez com que a média da “nova escola” fosse para as alturas no CNPJ com menos alunos (apenas 27 inscritos). O esquema criou uma situação, no mínimo, bizarra: a escola é a primeira colocada no Pará com o CNPJ novo e, ao mesmo tempo, é a 80ª do Estado com o CNPJ original.

REVOLTA
Somando a média no Enem dos dois CNPJ’s da escola ela ficaria apenas em 18º lugar do ranking das escolas do Pará. A situação provocou a revolta da direção de colégios tradicionais no Estado, que consideram a manobra desonesta. “Não estamos aqui menosprezando a instituição de Icoaraci ou querendo tomar seu lugar, mas apenas que a disputa seja honesta, destaca Roberta Eluan, diretora pedagógica do Sistema de Ensino Equipe, que ficou em primeiro lugar no Enem no Pará nos anos de 2011, 2012 e 2013. “Investimos muito na qualidade de ensino, em equipamentos e em estrutura e, quando isso é medido num exame nacional, é justo que seja o mais correto possível”.
No ranking do exame de 2014 o CEI aparece com 621,40. O Equipe vem logo em seguida com apenas seis décimos a menos (621,34). A escola de Icoaraci deixou para trás instituições tradicionais como o Centro de Estudos Jurídicos John Knox (3º lugar, com 614,95), o Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré (4º lugar com 612 pontos) e a Escola Tenente Rêgo Barros (5º lugar, com 611,02).
Segundo Roberta, seria muito fácil para o colégio que dirige reunir apenas 27 de seus melhores alunos e colocá-los num CNPJ diferente apenas para conseguir uma nota superior no Enem. “Mas não usamos este artifício por respeito à sociedade, aos pais, aos alunos e à sua inteligência. Ficamos em segundo lugar sim, mas com todo o mérito e os pais de nossos alunos sabem disso”, pondera.
A prática entre as escolas particulares, de separar os alunos em unidades e/ou CNPJ’s diferentes para parecerem ser melhores do que realmente são se repete nacionalmente: no ano passado, a escola primeira colocada no Enem ocupava, ao mesmo tempo, a 1ª e a 569ª posição no ranking que a imprensa faz com os resultados do exame, com a conivência do Ministério da Educação (MEC). Segundo o Blog de Mateus Prado (Desvendando o EENEM), publicado no Estadão, as chamadas “escolas que não” existem” representam 80% dos primeiros lugares no exame.
(Diário do Pará/Pararijos NEWS)

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