quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Entidades cobram investigação rigorosa de chacina

Apesar das tentativas da Secretaria de Segurança Pública de minimizar a matança que apavorou os belenenses na noite da última terça-feira, entidades da sociedade civil e de defesa dos Direitos Humanos fizeram ontem duras críticas ao sistema de segurança pública do Estado e cobraram a apuração rigorosa do que pode ser uma execução em série jamais vista na história do Pará.
Para garantir que as investigações ocorram de forma isenta, as entidades exigem acompanhar as investigações. Pela manhã, o Colégio de Presidentes Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota cobrando providências. “Este Colegiado exige do Governo do Estado do Pará medidas enérgicas no combate à violência, na apuração dos fatos e na garantia da efetivação dos Direitos Humanos, assegurados na Carta Magna e defendidos, veementemente, pela Ordem dos Advogados do Brasil”.
No final da tarde, após reunião com os órgãos de segurança e assistência social do Estado foi determinado que a Sociedade Brasileira de Direitos Humanos e o OAB farão parte da comissão de acompanhamento. O Estado se comprometeu também a designar um grupo de delegados para auxiliar a Divisão de Homicídios na investigação.
APURAÇÃO
A estrutura de assistência social será usada para prestar assistência às famílias das vítimas. “Queremos saber quem matou e por que matou cada uma das vítimas”, disse o presidente da OAB/PA, Jarbas Vasconcelos. “Não é uma briga de bandidos versus mocinhos. Isso não corresponde à realidade. Qualquer pessoa que execute a outra está cometendo crime e deve ser punida. Qualquer morte deverá ser lamentada, independentemente das denúncias que estão sendo feitas. Temos denúncia de que há policiais envolvidos em situações de violência, denúncias de que morreram pessoas que não possuíam envolvimento com tráfico de drogas”, afirmou em coletiva à imprensa, concedida pela manhã, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Luana Thomas.
Luana explicou que os órgãos ligados aos direitos humanos estão “insatisfeitos com o clima de temor espalhado pela cidade” e que “a todo momento” havia informações de que foram invadidos colégios, faculdades. “As pessoas estão em pânico. Tudo isso é muito ruim. Nós precisamos que o Sistema de Segurança Pública do Pará se manifeste duramente e apoie a sociedade. E isso não significa colocar o problema para debaixo do tapete”.
A ouvidora do Sistema de Segurança Pública do Pará, Eliana Fonseca, contou que havia estado no bairro da Terra Firme e confirmou que circulavam informações de que novas mortes ocorreriam ontem a partir do meio dia.
“Acalmamos a quem ouviu isso e pedimos que eles tivessem cuidado”, contou. Na coletiva a ouvidora confirmou que a população está com medo da polícia.
A presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Ana Claudia Lins afirmou que a intenção é fazer uma “articulação internacional de direitos humanos”, de entidades da sociedade civil, de maneira que se faça “uma pressão articulada contra a violência, contra o extermínio da juventude nas periferias, contra a escalada de violência que está sendo vivenciada ao longo dos anos no Pará e no Brasil. Inclusive, a Anistia Internacional entrou contato com a SDDH para intensificar a mobilização”.
(Diário do Pará)

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