domingo, 3 de janeiro de 2016

Makiko Akao fala sobre articulação em prol da arte

Makiko Akao fala sobre articulação em prol da arte (Foto: Alberto Bittar)
(Foto: Alberto Bittar)
Diante de um ano difícil para as produções culturais, quando os primeiros cortes de gastos do governo são na área da cultura, mas também quando as empresas deixam de investir nesse campo, a atividade de arte fica à mercê de grandes ideias e novas alternativas. Em Belém, no campo das artes visuais, a Kamara Kó foi uma das galerias que, mais uma vez, se destacou pela persistência em trabalhos fotográficos de arte. Com baixos recursos, a aposta foi na criação de público consumidor e de um mercado de colecionadores. Além disso, as ações foram concentradas nas mostras representativas em Belém e em outras cidades do Brasil, intercambiando experiências e fortificando nomes da fotografia que desenvolvem trabalhos no Estado do Pará.

Nesse meio, uma peça fundamental foi a galerista Makiko Akao. Articulista dos bastidores, ela é a responsável pelo trabalho da Kamara Kó, mas também pela criação de eventos importantes que permeiam o bairro da Campina, onde a galeria e a Associação FotoAtiva, da qual faz parte, estão sitiadas. O Circular Campina – Cidade Velha, uma proposta de passeio cultural que contagiou diversos estabelecimentos que, direta ou indiretamente, trabalham com cultura, influencia a visitação e conhecimento desses espaços, além de ocupação dos bairros históricos de Belém, que ficam inóspitos no fim de semana. Dentre essas propostas, em 2016, que também se espera ser um ano de dificuldades para as práticas criativas, a vontade é de continuar com as exposições e as ações, com a esperança de que a transformação precisa dos pontapés iniciais. A seguir, um bate-papo exclusivo com Makiko Akao.

Tu consideras 2015 um ano de bons resultados para a fotografia e para as artes visuais em Belém? Por quê?
Olha, não foi dos melhores devido ao cenário econômico do país, mas penso que conseguimos priorizar alguns projetos que são importantes para o futuro da galeria e para os artistas da casa, divulgando o trabalho deles fora do Estado.

Como se deu esse processo de representação da galeria Kamara Kó, levando trabalho de artistas daqui para outros Estados?
É um trabalho lento e oneroso, que ainda está começando. Participar de uma feira de arte, mesmo que no Brasil, é um investimento caro, então você tem que tentar também outras alternativas, como os editais de circulação de arte, pois estes, mesmo que não seja para venda, servem como vitrine para mostrar um pequeno recorte da produção dos artistas e, se a galeria é proponente, já se sabe onde encontrar as obras. Outro processo testado foi formar parceria com outra galeria, o que iniciamos este ano. Assim, vamos tentando levar a produção de obras fotográficas para outros recantos.

Quais as alternativas que podem ser geradas para trabalhar com arte em Belém, mesmo não existindo um mercado forte de arte?
O ideal seria formar novos colecionadores e fomentar o mercado de arte. E se a gente não começar, nunca vamos ter, não? Tenho idealizados alguns projetos para isso, um até comecei e não consegui dar continuidade por questão de tempo, que foi Gourmet Cultural, unindo gastronomia e arte. Também fizemos pequenas reuniões informais para conversar sobre a história da arte ou sobre determinado artista, ou pequenas saídas monitoradas pelos pesquisadores de arte nos museus e galerias, etc… Acho que algumas coisas já estão acontecendo, mas sabemos que é um processo lento de formação.

Tu também és uma importante articuladora cultural em Belém. De onde surgiu essa necessidade?
Não sou pesquisadora de arte nem curadora de arte. Apenas tenho uma convivência longa com a fotografia através da Kamara Kó Fotografias e Associação Fotoativa, e isso me proporciona uma visão, mesmo que pequena, do cenário cultural de fotografia de Belém. Temos artistas bons, mas, como não estamos no eixo Rio/São Paulo, é difícil atingir o mercado de arte. Temos pessoas com premiações importantes do meio cultural, com exposições internacionais. Penso que nesses últimos 25 anos se formaram várias instituições de fomento e criação artística, mas não temos ainda uma política cultural de escoamento de toda essa produção. O projeto Circular Campina/Cidade Velha tentar dar visibilidade a todo esse potencial artístico e econômico, pois revalorizar o Centro Histórico e transformar os bairros em centros culturais seria um grande potencial turístico que financeiramente poderia assegurar a manutenção do centro histórico, da produção cultural, gastronomia, pequenos comerciantes dos bairros e os próprios moradores, valorizando seu bairro, preservando e conservando.

Hoje, em Belém, de onde estão surgindo potenciais novos fotógrafos e qual o perfil deles?
Acho que existem vários perfis de fotógrafos: fotógrafo de registro, de imprensa e outros de artes visuais. E, como a minha área é mais de artes visuais, vejo muita gente com formação acadêmica em Artes, Letras, Comunicação. Acho que hoje tudo é muito híbrido.

(Pararijos NEWS/Gustavo Aguiar/Diário do Pará)

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