Se os
economistas do mercado financeiro estiverem certos, o ano de 2015 terá a
maior alta generalizada de preços em 13 anos. A estimativa é que a
inflação feche o ano em 9,32%, segundo o boletim Focus, divulgado pelo
Banco Central e que reúne expectativas coletadas junto a mais de 100
instituições.
Foi a 17ª alta consecutiva da estimativa da taxa, para o maior
patamar desde 2002 (12,53%). Na semana anterior, a previsão era que o
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficasse em 9,25% (a maior
variação desde 2003, quando foi de 9,3%).
Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços
administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de
ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a
inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue
elevada. Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,40%
para 5,43% na última semana.
Foto: O Liberal/Arquivo
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é
de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode
oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015,
algo que não acontece desde 2003.
Produto Interno Bruto
Para o comportamento do PIB neste ano, os economistas do mercado
financeiro reduziram ainda mais a previsão. Na semana passada, passaram a
estimar uma retração de 1,97% para este ano. Foi a quarta queda seguida
deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de
1,80%. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde
1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Além disso, os economistas das instituições financeiras também
deixaram de acreditar que haverá crescimento da economia brasileira em
2016. Para o ano que vem, a projeção, que estava na semana retrasada em
uma alta de 0,20%, passou para um crescimento zero. Ou seja, sem
expansão, mas ainda sem "encolhimento" do PIB.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território
brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e
serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no
primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de
serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e
dos investimentos. Neste início de ano, o que evitou um tombo ainda
maior do PIB foi a agropecuária.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de
julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de
que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de
2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano - o que pressupõe
reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar
conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação
brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir
objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o
consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro
para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,35 para R$ 3,40 por
dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de
câmbio avançou de R$ 3,49 para R$ 3,50.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total
de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 6,40 bilhões
para US$ 7,70 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de
superávit avançou de US$ 14,79 bilhões para US$ 15 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros
diretos no Brasil caiu de US$ 66 bilhões para US$ 65 bilhões. Para 2016,
a estimativa dos analistas para o aporte permaneceu em US$ 65 bilhões.
(Pararijos NEWS)
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