Cenário no PSM do Guamá continuava de caos ontem, com pacientes sendo atendidos de forma improvisada (Foto: Jader Paes)
A situação da
saúde pública em Belém está, a cada dia, mais dramática. Após o incêndio
que matou três pessoas no Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti (PSM
da 14), o Hospital Humberto Maradei Pereira (PSM do Guamá) se tornou a
referência para quem busca atendimento de urgência e emergência na
capital paraense. O problema é que o hospital enfrenta irregularidades
semelhantes às do PSM da 14, como rachaduras, falta de equipamentos e, o
que é mais grave, instalações elétricas expostas. Além de tudo isso,
ainda há o fato que o local está superlotado.
Tal qual ocorreu na 14 de Março, o
PSM do Guamá é agora alvo de alertas para as péssimas condições de
trabalho, falta de medicamentos e problemas na estrutura do prédio que
podem levar a uma nova tragédia, como a que ocorreu no dia 25 de junho,
quando um incêndio obrigou o município a transferir pacientes às
pressas. Ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado do Pará
(Sindsaúde/PA) levou um relatório ao Ministério Público Estadual
(MPE).
O documento tem cerca de dez
páginas e pede providências das autoridades do Estado para evitar uma
nova tragédia. “O prédio possui pontos que, além de infiltrações,
apresentam rachaduras, criando uma situação de insegurança para os
usuários e para os servidores”, alertou o Sindsaúde.
ALERTA
ALERTA
Assim como no PSM da 14, a unidade
do Guamá tem a fiação elétrica improvisada, com riscos visíveis. Também
foram encontrados aparelhos de ar condicionado instalados de forma
precária e pontos de infiltrações. O documento do sindicato, feito com
base em relatos e fotos de trabalhadores do Guamá, alerta para uma
“tragédia anunciada”.
No PSM da 14, peritos do Corpo de
Bombeiros Militar do Pará concluíram que o incêndio foi causado por
problemas em uma central de ar condicionado. O caso está sendo
investigado pelo Ministério Público, por meio da Promotoria Militar e
Procuradoria de Justiça, já que havia pareceres do Corpo de Bombeiros
que indicavam riscos no prédio. O caso corre sob sigilo de Justiça.
O comandante geral do Corpo de
Bombeiros Nahum Fernandes já prestou depoimento e o prefeito de Belém,
Zenaldo Coutinho também está intimado a depor. Ele pode ser processado
por homicídio culposo (por assumir a responsabilidade de manter o prédio
funcionando mesmo tendo sido alertado dos riscos). A pena nesses casos
pode chegar a 20 anos de prisão.
No documento entregue ao MPE, os
trabalhadores afirmam que a situação do PSM do Guamá expõe o “descaso
com a saúde pública” e denunciam “as más condições de trabalho que vêm
sofrendo e presenciando diuturnamente”. Os servidores pedem medidas
interventivas à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). “Por estarem em
contato direto com os usuários do PSM do Guamá os servidores sofrem com
ameaças e intimidações por partes daqueles, parentes e acompanhantes,
motivados pelas péssimas condições de trabalho e falta de estrutura”,
afirmam, no relatório.
IRREGULARIDADES ENCONTRADAS NO RELATÓRIO DO SINDICATO
Pontos de infiltrações e rachaduras.
Pontos de infiltrações e rachaduras.
Instalações elétricas expostas.
Ar-condicionado instalado de forma improvisada (precárias).
Acompanhantes dormindo sobre colchonetes no chão dos corredores e embaixo das macas.
Pacientes “internados” nos corredores e em área externa.
As aplicações de soro e hemoderivados são realizadas no corredor.
Sala de hidratação usada
como ala de internação, acolhendo pacientes com maior gravidade,
pacientes estes com indicação para UTI’s(Unidade de Tratamento
Intensivo) e UR (Unidade de Reanimação), consequentemente, elevando o
risco de morte.
Na Unidade de Reanimação não
há bomba de infusão de medicamentos, dificultando a administração
medicamentosa em pacientes de alta complexidade.
EXIGÊNCIAS DOS TRABALHADORES
Lavatório exclusivo e adequado para higiene das mãos.
Avaliação médica periódica.
Fornecimento de materiais de trabalho esterilizado.
Recipiente adequado para lixos biológicos
Uniformes adequados.
Vestiário para higiene pessoal dos funcionários.
Manutenção de máquinas e equipamentos.
Iluminação adequada, entre outras reivindicações no que tange a segurança do trabalho dos servidores em saúde.
(Rita Soares/Pararijos NEWS/Diário do Pará)
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