(Foto: Roberta Freitas/ G1)
O distrito de Alter do Chão, distante aproximadamente 40 quilômetros,
de Santarém, oeste do Pará, está sofrendo com a crise no turismo. A
economia do setor começou a ser afetada com a repercussão dos casos de
hepatite A e o resultado de uma pesquisa que apontou a existência de
coliformes fecais em três pontos do rio Tapajós, na vila balneária.
Com a situação, a rotina de trabalho de guias-turísticos da
Associação de Turismo Fluvial de Santarém, que realiza passeios em
praias do rio Tapajós, mudou. O presidente da entidade, André Ferreira,
informou que o número de pessoas procurando o serviço caiu em 30%. Para
tentar evitar prejuízos, os trabalhadores diminuíram o preço dos
passeios. “Mesmo com a alta da gasolina, temos que diminuir o valor para
poder chamar a atenção de turistas. Um passeio para a praia do
Pindobal, por exemplo, que era R$ 200, hoje a gente está levando por R$
100 ou R$ 80”.
Donos de restaurantes também sofreram com os prejuízos com a queda na
movimentação de visitantes ainda no período do Carnaval. “Não deu quase
ninguém na vila, esperávamos mais turistas”, destacou a proprietária de
um restaurante de Alter do Chão, Marilza Maduro.
A elevação do nível das águas do rio Tapajós é outro desafio que
estabelecimentos comerciais e vendedores têm que conviver neste período
do ano. O rio já cobriu barracas da Ilha do Amor e deve continuar
subindo pelo menos até o mês de junho. O dono de um supermercado da
vila, Doriney Lobato, disse que a baixa temporada com a cheia do rio
prejudicou as vendas. “De fevereiro para março, as vendas vêm caindo em
torno de 20%. A nossa expectativa é que a partir de julho as vendas
voltem a crescer”.
O setor hoteleiro é o único que ainda continua estável. A maioria das
reservas nos hotéis continua marcada. “Essa época de cheia caiu um
pouco a hospedagem, mas estamos com muitas reservas para o feriado de
Sete de Setembro, meu pacote de Sairé está quase todo lotado. Essa
semana estou apenas com dois apartamentos livres”, destacou o
empresário Miguel Lobato.
O dono de um hotel da vila, Pedro Paulo Buchale, esclareceu que
moradores estão acostumados a conviver com a cheia e que a divulgação
dos casos de hepatite A registrados em Alter do Chão não interferiram
tanto nas reservas. “Essa situação não nos [donos de hotéis] afetou
tanto. Nesse período de baixa estação, é comum a pouca movimentação de
pessoas. No meu hotel, tenho pouquíssimas vagas para Semana da Pátria,
Sairé e no Réveillon tenho a maior parte de vagas do hotel vendida”.
Apesar das praias estarem submersas, ainda é possível encontrar
turistas encantados pelo lugar. O professor Fabrício Gali veio de
Rondônia com a esposa procurar um terreno na região para morar.
“Visitamos apenas uma vez Alter e ficamos admirados com o lugar. A gente
está procurando terreno para morar na região, perto de Alter porque
isso aqui é maravilhoso”, enfatizou.
Comissão de Alter
A Associação Comercial e Empresarial de Santarém (Aces) se reuniu na
terça-feira (21) com lideranças comunitárias e a classe comercial e
empresarial de Alter do Chão com o objetivo de debater ações para
alavancar o turismo no distrito. No encontro, ficou definido que em maio
será realizada uma ação de saúde na vila. Para incentivar ainda o
aumento de visitantes, a entidade apresentou também um projeto de
revitalização das 18 barracas da ilha. De acordo com a proposta, as
barracas devem ser padronizadas com dois banheiros químicos, varanda e
assoalhos.
Uma comissão formada por diretores da Aces e moradores da vila devem
se reunir ainda este mês para buscar apoio de outras instituições e
governo municipal para que iniciativas sejam feitas. “A comunidade
precisa de ajuda para reconstruir a imagem de Alter do Chão. Neste
sentido, vamos trabalhar fortemente nos próximos meses”, destacou o
diretor da Aces e líder da comissão, Bruno Moura.
Ações
O presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Alter do
Chão, Carlos Santos, reforçou a importância de investimentos em setores
comerciais na comunidade. “As autoridades deixam mesmo Alter do Chão a
mercê, porque nós (Alter) como representante do turismo no Pará,
precisamos de um cuidado todo especial. As ações que virem do poder
público e empresariado são bem vindas, porque nesse período de baixa
temporada a gente fica vulnerável, sem ganhos e sustento das famílias”.
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Turismo
(Semdetur) informou que o projeto Turismo Legal deve realizar um
conjunto de ações que visam à capacitação, qualificação e formalização
dos empreendedores turísticos da vila. A iniciativa contempla
minicursos, palestras e oficinas que devem contribuir na melhoria do
turismo em Alter.
(Pararijos NEWS)
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