Quando o assunto é transparência no uso dos recursos públicos, os
gestores municipais do Pará são sinônimo do mau exemplo. Nenhuma das 144
prefeituras do Estado cumpre todos os requisitos mínimos da Legislação
Brasileira sobre Transparência Pública, determinados nas chamadas Lei da
Transparência (Lei Complementar nº 131/2009) e a Lei de Acesso à
Informação Pública - LAI (Lei nº 12.527/2011). Essa conclusão é
resultado da pesquisa “Portais da Transparência dos municípios
paraenses: o cenário atual”, realizada como atividade de extensão
universitária pelos alunos do Curso de Ciências Contábeis da
Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a
Controladoria-Geral da União (CGU) e o Observatório Social de Belém. O
estudo verificou, entre outros itens, se as prefeituras possuem site na
internet, Portal da Transparência e Serviço de Informações ao Cidadão
(SIC, que possibilita ao cidadão solicitar, eletronicamente, o pedido de
informação que deseja), e ainda observou se elas divulgam na internet
editais de licitação e o resultados das licitações. Os números, nada
positivos, foram divulgados essa semana, durante o I Congresso UFPA de
Extensão em Contabilidade, realizado dentro da programação pelo Dia
Internacional Contra a Corrupção.
Conforme o levantamento, 33 dos 144 municípios paraenses não possuem
sítio eletrônico e 92, ou seja, 64%, não têm portal da transparência. O
caso mais grave é no Marajó, onde 14 dos 16 municípios não
disponibilizam Portal da Transparência. Na Região Metropolitana de
Belém, onde a pesquisa considerou 11 municípios, Barcarena, Marituba,
Bujaru e Inhangapi ainda não cumprem a exigência, e apenas Ananindeua,
Belém, Benevides, Castanhal, Santa Bárbara do Pará e Santo Antônio do
Tauá disponibilizam Portal da Transparência.
Quanto às licitações, o levantamento verificou que apenas 10 dos 144
municípios paraenses divulgam os editais e apenas cinco dão
transparência ao resultado desses processos licitatórios. São eles:
Tailândia, Cachoeira do Piriá, Iguarapé-Açu, São Miguel do Guamá e Novo
Progesso.
O cidadão também deveria ter a possibilidade de solicitar,
eletronicamente, as informações que deseja, por meio do SIC Eletrônico
(Serviço de Informações ao Cidadão). No entanto, apenas seis prefeituras
de todo o Estado possuem o serviço: Brasil Novo, Igarapé-Açu, São João
de Pirabas, Rio Maria, São Domingos do Araguaia e Chaves. Mesmo assim, o
serviço não é oferecido da maneira que deveria, já que muitos portais
burocratizam as informações, exigindo, por exemplo, que a pessoa envie a
xerox do documento, depois de preencher uma lista com vários dados,
inclusive explicando o motivo pelo qual a pessoa quer aquela informação.
Tudo isso para dificultar o acesso. “A Legislação não exige nada disso
que os municípios pedem”, ressaltou Marcelo Morais de Paula, analista de
finanças e controle da CGU e um dos coordenadores da pesquisa, ao lado
da professora Lidiane Dias, da UFPA.
Segundo ele, pela experiência que a Controladoria tem com o trabalho
de capacitação aos municípios, o cenário verificado no levantamento já
era esperado, uma vez que poucos gestores aderiram ao programa do órgão
envolvendo acesso á informação. “Pouco mais de trinta, entre Prefeituras
e Câmaras Municipais apoiaram. Por isso, a gente já esperava esse
cenário de falta de transparência”, observou.
O Liberal
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