O
relator das contas, Acir Gurgacz (PDT-RO), e a presidente da Comissão
Mista de Orçamento, Rose de Freitas (PMDB-ES) (Foto: Nathalia
Passarinho/G1)
O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) apresentou nesta terça-feira (22) à Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso relatório que diverge do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) e recomenda a aprovação, com ressalvas, das contas de 2014 do governo Dilma Rousseff.
Gurgacz argumentou que a rejeição com base numa condenação das chamadas
"pedaladas fiscais" poderia "engessar" não somente a gestão do governo
atual, mas de futuros presidentes da República e governos estaduais.
"Fizemos trabalho analisando não somente as contas de 2014, mas também
avaliando o impacto disso para governos anteriores e governos estaduais e
prefeituras. Temos 14 estados que nesse mesmo ano não cumpriram a meta
fiscal. Por isso a importância de fazermos um relatório pautado na
legalidade. Baseado na Constituição e não somente preocupado com o
presidente atual, mas também preocupado com a gestão dos governos. Os
governos que já têm engessamento atual de suas administrações", disse o
senador, que integra partido da base aliada do governo.
As ressalvas se referem, segundo Gurgacz, à falta de equivalência entre
os cenários fiscais apresentados a cada bimestre pela equipe econômica
do governo Dilma em comparação com o resultado real. Também constam da
ressalva as "pedaladas fiscais".
"As ressalvas decorrem da pouca aderência do cenário econômico fiscal
projetado bimestralmente em 2014 com o comportamento efetivo da
econômia, o que fragilizou a transparência do exercício orçamentário.
Decorrem ainda da existência de compromissos financeiros vencidos e não
pagos ou pagos com atrasos à Caixa Econômica, Banco do Brasil e FGTS",
disse.
Pelo relatório, o governo não será punido. Terá apenas que adotar
medidas para "aperfeiçoar métodos", para que os itens que constam da
ressalva não se repitam. "Compete ao chefe do Poder Executivo determinar
aos órgãos que adotem medidas pertinentes para aperfeiçoar e corrigir
os métodos, com vistas ao aprimoramento da gestão pública", diz o
parecer lido por Gurgacz.
Com a apresentação do parecer, os parlamentares terão 15 dias para
apresentarem emendas. Como o recesso parlamentar terá início nesta
quarta (23), esse prazo terminará em 13 de fevereiro, conforme a
assessoria da CMO.
Depois de receber as emendas, o relator irá elaborar um parecer sobre
as propostas e o plenário da comissão votará o texto. Depois de passar
pela comissão, o texto vai para votação no plenário do Congresso. É
nessa votação que os deputados e senadores vão decidir pela aprovação ou
não das contas.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) criticou a posição do relator. Para
ele, o Congresso não pode legitimar o "desrespeito à Lei de
Responsabilidade Fiscal" com o argumento de que governos estaduais
também não cumpriram metas fiscais e poderão ter, em consequência,
contas rejeitadas também.
"Não podemos dizer aos governos estaduais que não é necessário
respeitar a lei. E ali não se trata meramente de cumprimento de meta. A
razão que levou à rejeição por unanimidade das contas da presidente
Dilma Rousseff foi a apropriação de bilhões de reais de instituições
financeiras, o que é proibida pela Constituição da República. Tivemos a
edição de decretos sem autorização do Congresso, o que é proibido pela
Constituição da República", afirmou.
Ao justificar o fato de não seguir o parecer do TCU, Acir Gurgacz
ressaltou que não é obrigado a concordar, porque o tribunal é órgão que
dá "assessoria" ao Legislativo. Ele disse ainda que baseou seu relatório
em pareceres da consultoria técnica do Senado, da Câmara, de bancos
públicos e na Advocacia-Geral da União.
"Por que tem que prevalecer o parecer do TCU, se ele é um órgão acessório?", questionou o senador.
Gurgacz disse ainda que as medidas adotadas pelo governo Dilma -- as
pedaladas e a edição de créditos suplementares -- foram necessárias por
causa de "questões econômicas" ocorridas ao longo do ano de 2014. Para
ele, o governo ficou "inadimplente" ao não cumprir metas fiscais, mas
não cometeu crime de responsabilidade.
"Houve necessidade de mudança devido às questões econômicas que
aconteceram no meio do ano que provocou uma mudança de readequação do
orçamento. Esses decretos que aconteceram, estando assinados pela
presidente ou vice, estão autorizados pela LOA, para fazer adequações.
Não tem ilegalidade", disse. (Pararijos NEWS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário