Chegou a hora que a torcida tanto esperava depois do acesso à Série
B. O momento de comemorar um título nacional. E a Fiel entendeu isso e
esgotou os ingressos para o confronto de logo mais contra o Macaé-RJ, no
Mangueirão, pelo segundo jogo da final da Série C. Um mar azul e branco
vai empurrar a equipe que está distante desse tipo de conquista há
anos.
Quando o ex-atacante Zé Augusto selou a vitória do Paysandu contra o
Avaí, em 2001, marcando o derradeiro gol da vitória por 4 a 0, o
Paysandu conquistou o seu segundo título do Campeonato Brasileiro. Desde
então, um hiato se estabeleceu nesta relação. O clube participou da
Série A, B e da C, lutando, em geral, para evitar o rebaixamento. Em
2013, até chegou a uma semifinal da Terceira Divisão, mas amargou a
eliminação. O fato é que o retorno ao lugar mais alto do pódio em um
Brasileirão faz tempo que não esteve tão próximo como hoje, quando o
Papão vai encarar o Macaé-RJ, pelo segundo jogo da final da Terceira
Divisão, no Mangueirão, a partir das 16 horas.
Bicampeão da Segunda Divisão, o Paysandu luta pelo seu primeiro
caneco da Série C. Seria um prêmio e tanto para coroar o ano do
centenário do Papão. Uma vitória simples, além de um empate por 0 a 0,
são resultados que têm o poder de tirar o grito de campeão brasileiro
preso na garganta dos bicolores há 13 anos. Tempo demais para um clube
que segura, às vezes de forma cambaleante, a condição de maior clube do
futebol do Norte.
A hora chegou. E junto com ela, o nervosismo de quem tem a certeza de
que vai encarar um desafio espinhoso. Recentemente, o adversário calou o
estádio Castelão, eliminando o favorito e tradicional Fortaleza-CE,
diante de 62 mil torcedores perplexos. Mas ninguém, em sã consciência, é
capaz de dispensar o apoio dos torcedores. Ainda mais de quem é Fiel.
Com um dia de antecedência, a torcida esgotou a carga de 32.240
ingressos e o Mangueirão será uma Curuzu amplificada. Pelas redes
sociais, circularam bandeiras, cânticos e o que mais se viu foi a
empolgação da torcida.
Com desfalques, Yago vira a referência
O cenário está pronto para a festa. Mas é preciso combinar com os
artistas da bola. O time do Paysandu está, evidentemente, concentrado
para ganhar do rival de logo mais. Para isso, no entanto, é preciso
superar problemas. A ausência de Charles, um zagueiro referência desde o
início do ano, além da lesão do meia-atacante Héverton são fatos
consumados. O treinador Mazola Júnior teve que se virar. Suspenso, o
meia-armador Marcos Paraná não pode herdar a vaga no meio-campo. A
alternativa foi escalar Lenine e adiantar Zé Antônio para atuar como
centralizador das jogadas. Muda a característica do time,
inevitavelmente.
Na zaga, a escalação do inconstante Rênie preocupa. Se não bastasse, o
zagueiro Pablo deve ficar fora da partida, em virtude de uma contusão
muscular. Sua escalação ainda será definida nos vestiários do
Mangueirão. Caso Pablo confirme as previsões pessimistas e não tenha
condições de jogar, o volante Ricardo Capanema terá a missão de jogar
como um falso terceiro zagueiro. A quantidade de alterações foi definida
como um problema seriíssimo por Mazola Júnior.
Contudo, há que se pensar nas peças disponíveis para garantir o
sucesso. E não são poucas. A começar por Yago Pikachu, que cresce em
jogos finais. A tríade no setor de meio-campo, cada vez mais entrosada,
formada por Recife-Lenine-Zé Antônio, também é um dado favorável. Outra
arma é explorar a velocidade da dupla Ruan e Bruno Veiga. Que eles sejam
decisivos, como nunca, na tarde de hoje.
Do lado adversário, embora ninguém admita, não há a pressão que
existe do lado bicolor. Tanto que seis jogadores, entre eles um titular e
um reserva utilizado frequentemente, já ganharam férias antecipadas e
sequer vieram a Belém. A ordem é jogar livre e, quem sabe, aprontar para
cima do Papão. O retorno do capitão Gedeil pode dar a cadência
necessária ao setor de meio-campo.
Em final, o que está em jogo é o poder de decisão das equipes. E hoje
até o Mangueirão quer que o espírito do time de 2001 se faça presente e
que o Paysandu se sagre, novamente, campeão brasileiro.
O Liberal
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