Em quatro dias, Belém tem mais um novo caso de doença de Chagas aguda
(DCA) ocorrido no bairro do Tenoné e confirmado pela Secretaria
Municipal de Saúde (Sesma), ontem. Até o último dia 17, eram 10 casos.
Além dos 11 casos confirmados, 12 aguardam resultado do exame feito pelo
Laboratório de Chagas, do Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém. Dos
11 casos confirmados, dois necessitaram de internação, “mas ambos os
pacientes já receberam alta médica e estão em acompanhamento
ambulatorial”, afirma a Sesma, em nota, enviada pela Assessoria de
Comunicação da Secretaria.
Ainda na última segunda-feira, 17, o Laboratório de Chagas do IEC
confirmou o diagnóstico de 64 casos de DCA distribuídos nos municípios
de Abaetetuba, Acará, Barcarena, Belém, Capanema, Curralinho, Limoeiro
do Ajuru, Moju, Muaná, Ponta de Pedras, São Domingos do Capim, São
Sebastião da Boa Vista e Tomé Açu.
Segundo a assessoria de comunicação da Sesma, o surto da doença é
investigado. “Uma equipe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da
Secretaria (DEV) foi até as residências das pessoas contaminadas para
realizar investigação e coletar amostra para exame de outros casos
suspeitos na área”.
Ainda de acordo com a nota, os pacientes relataram aos agentes da
Sesma que ingeriram açaí de dois pontos de venda da área. “Por isso, uma
equipe do Departamento de Vigilância Sanitária do Município (Devisa)
realizou inspeção nos pontos de venda de açaí que são apontados como
prováveis veículos de contaminação”.
Além disso, o Devisa intimou os proprietários a cumprir as normas
sanitárias e as boas práticas de manipulação de alimentos, que incluem a
adequação do ponto de venda, a realização da técnica de branqueamento
do fruto e o uso de equipamentos de higiene.
“O branqueamento do açaí é um processo térmico que consiste em
aquecer a água de boa qualidade a 80° C, e, com auxílio de um cesto ou
balde vazado, mergulhar o açaí na água durante dez segundos. O processo
elimina e/ou diminui em níveis aceitáveis microorganismos patogênicos,
causadores de diversas doenças, como a Doença de Chagas”, explica a
Sesma. Segundo a Sesma, foram também coletadas amostras do açaí e
encaminhadas amostras para Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio.
Formas de transmissão são variáveis
A DCA é uma doença de caráter benigno e, quando identificada e
tratada precocemente, tem amplas chances de cura e controle. A doença é
transmitida por insetos triatomíneos conhecidos como “barbeiros”, que no
seu intestino abrigam um protozoário denominado Trypanosoma cruzi. Este
quando eliminado junto com as fezes dos insetos, em contato com a pele
pode contaminar o homem. Os reservatórios do protozoário são pelo menos
100 espécies de mamíferos silvestres como tatus, ratos e gambás. Os
frutos do açaí também são contaminados pelo protozoário.
Amazônia
Jornal
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