(Foto: Cezar Magalhães)
No barco, da Baía do
Guajará. É da água que o autônomo Ailson Gouveia de Souza, 60 anos, tem
a primeira visão de Belém no despertar de cada dia. Já tomada por 1,4
milhão de pessoas, a capital paraense tem os rios como companheiros mais
ilustres. “Da água, a visão de Belém é privilegiada”. Separado da área
urbanizada de Belém pela baía, o morador da Ilha do Cumbu inicia seu
contato mais próximo com a água quando o sol ainda não pode ser visto,
às 4h de cada manhã. Seja em busca de compras para o seu restaurante
instalado em palafitas ou de atendimento médico, é sobre as águas, em
trânsito para Belém, que Ailson passa a maior parte do seu tempo. “O rio
é a minha rua. Aqui é a nossa (avenida) Almirante Barroso”, compara.
Embalada pelo som característico dos
barcos que circulam a todo momento, do meio do rio a dicotomia que marca
Belém fica bem evidente. Em um extremo, os prédios e grandes
construções turísticas. Do outro, árvores centenárias se impõem e deixam
o aroma da floresta no ar. “É impossível ver Belém sem os seus rios”,
afirma Prazeres Quaresma dos Santos, 47 anos. Vizinha de Ailson e também
proprietária de um restaurante na Ilha do Cumbu, a recepção costumeira
de turistas brasileiros e estrangeiros mantém desperto o olhar para a
beleza da cidade abraçada pela água.
“Eles se impressionam muito com a
urbanização da cidade e com a possibilidade de, em 10 minutos, já
estarem em meio à floresta”, atesta. “Esse elo quem faz é o rio”. Da
morada em que nasceu e foi criada, na Ilha das Onças, a servidora
pública Maria Nazaré dos Anjos Furtado, 40 anos, ainda hoje é acordada
com os ruídos oriundos da Baía do Guajará.
Na água que cerca cada momento de sua
vida, a ribeirinha se banha, pesca e se locomove todos os dias até a
capital. “Belém é o nosso primeiro recurso e o rio é o que nos permite
chegar até ela”. Enfrentando 30 minutos de viagens todos os dias para
trabalhar em Belém, a relação de Maria Nazaré com a “cidade das
mangueiras” e com as águas que lhe banham é maior do que é possível
explicar. “Belém é terra maravilhosa, nem sei dizer”.
(Pararijos NEWS/Cintia Magno/Diário do Pará)
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