Uma carga de cocaína avaliada em 21 milhões de dólares (ou R$ 84 milhões) foi apreendida ontem à tarde, no Terminal de Carga Aérea do Aeroporto
Uma empresa de “trading” especializada em fazer envio de encomendas para o exterior foi contratada pelos dois acusados para despachar três masseiras para a Austrália. As caixas com os equipamentos de panificação foram levadas até o Terminal de Carga Aérea do aeroporto por volta das 14 horas. O auditor fiscal da Receita Federal Iranilson Brasil teve várias desconfianças com relação à mercadoria.
As máquinas são fabricadas por uma empresa no Rio Grande do Sul, portanto não teria motivo para primeiro ter vindo para o Pará e daqui enviada para a Austrália. Como um dos donos da carga é amazonense, também não fazia sentido que tivesse vindo do Amazonas para despacho em Belém, quando seria mais fácil enviar direto de Manaus, via Panamá, para a Austrália. O recebimento seria na Austrália, o que também levantou suspeitas, pois era improvável que a pessoa tivesse comprado as máquinas aqui no Brasil e não na China, por exemplo, onde o preço é bem mais baixo.
Além disso, o peso declarado das masseiras não condizia com o peso real. Cada máquina deveria pesar no máximo 41 quilos, mas na verdade estavam pesando cerca de 64 quilos cada. O auditor fiscal entrou em contato com o fabricante das masseiras, que garantiu que em nenhuma hipótese o equipamento pesaria 64 quilos. Iranilson então questionou o funcionário da empresa de “trading” sobre quem contratou o serviço e soube que se tratava de um amazonense e um colombiano.
Desconfiado de que havia algo suspeito nas máquinas, o auditor fiscal usou uma broca para perfurar um dos cilindros. A broca saiu repleta de um pó branco, que após o teste deu positivo para cocaína. Os seis cilindros foram retirados das masseiras e cada um tinha aproximadamente dez quilos da droga, totalizando 60 quilos. De acordo com Iranilson, cada quilo é transformado em cinco quilos, após processamento do entorpecente, o que totaliza 300 quilos de cocaína. E, na Austrália, cada quilo é vendido por aproximadamente US$ 70 mil, o que resulta em um valor de US$ 21 milhões.
Iranilson afirmou que o trabalho para esconder a droga foi muito bem feito. “Estava tudo quase perfeito, nem no equipamento de raio-x deu pra ver. Nem um cachorro treinado conseguiria farejar, justamente por causa do aço que envolvia o entorpecente. Neste caso foi preciso um cuidado detalhado para descobrir que algo estava errado com aquela mercadoria”, explicou. Segundo ele, o responsável pela empresa de “trading” não era suspeito. “Eles trabalham com isso, são contratados para resolver toda a logística de envio para o exterior. Então acredito que a empresa não sabia que a carga transportava droga”, afirmou.
Após comprovar que se tratava de cocaína, o auditor fiscal entrou em contato com a Polícia Federal (PF), para elaboração de um plano. “A ideia era prender os donos da carga e sabíamos que eles se encontrariam com a pessoa que veio fazer o despacho das máquinas. Então nós dissemos ao funcionário da empresa de “trading” que estava tudo certo, que a carga seria enviada para a Austrália. Quando ele saiu do terminal de cargas e chegou ao estacionamento, o amazonense e o colombiano estavam no local. A Polícia Federal então deu voz de prisão à dupla”, disse.
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados, para não atrapalhar as investigações. Eles seriam autuados pelo crime de tráfico internacional de drogas. A suspeita das autoridades é que a dupla tenha vindo de Manaus de barco, trazendo as masseiras, para despacho na capital paraense. (Pararijos NEWS)
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