A investigação teve como ponto de partida a desarticulação da célula que organizou a construção do túnel de 1.500 metros pelo qual El Chapo fugiu em 11 de julho do presídio de segurança máxima de El Altiplano. Nesse grupo figuravam o cunhado de Guzmán Loera, um de seus advogados, um operador financeiro e, sobretudo, o chefe do esquema de túneis do cartel. Após a captura deles, os investigadores conseguiram rastrear os movimentos do narcotraficante depois de escapar da prisão. Primeiro ele foi levado de carro até o município de San Juan del Río (Querétaro), a 220 quilômetros de distância, e em seguida trasladado para um avião Cessna, em companhia do cunhado, até o chamado Triângulo Dourado, uma zona agreste situada entre Sinaloa, Chihuahua e Durango. Ali, em plena Sierra Madre, seu rastro se perdia. El Chapo havia mergulhado em seu feudo. Um território onde era dono e senhor, e em que muito poucos se atreveriam a delatá-lo.
Depois dessa fuga, Guzmán Loera adentrou ainda mais a Sierra Madre, reduziu seu círculo de segurança e limitou suas comunicações. Seus rastros mais uma vez se perderam na imensidão do noroeste mexicano. Mas as autoridades não demorariam para virar a mesa.
Farto da vida na montanha, El Chapo decidiu esconder-se em uma área urbana. Sob suas ordens, um de seus homens, vigiado por ser membro do aparato de túneis do cartel, começou a preparar e climatizar casas em Sinaloa, uma delas em Los Mochis, a terceira cidade do Estado. Os alarmes soaram. O imóvel foi submetido a vigilância. Na quinta-feira El Chapo chegou. Na madrugada de sexta-feira as unidades da Marinha iniciaram o ataque.
Guzmán Loera não estava só. Estava acompanhado por Iván Gastélum Ávila, El Cholo, um dos mais sanguinários matadores do cartel de Sinaloa, transformado agora em chefe da segurança de El Chapo. El Cholo ordenou a seus homens que o protegessem na fuga. Cinco deles caíram sob o fogo dos militares, outros seis foram presos.
Enquanto isso, El Chapo e sua escolta escapavam pelo sistema de esgoto. Guzmán Loera já havia recorrido a essa via em 2014, quando, cercado pela Marinha em uma casa de Culiacán, conseguiu fugir por um túnel que desembocava no sistema de dutos pluviais. Mas desta vez o estratagema não deu certo. Os soldados o esperavam no subsolo. Diante da presença deles, El Chapo e seu chefe de segurança decidiram sair à superfície. Levantaram um tampo dos bueiros e, já na rua, correram para roubar um carro. Não chegaram muito longe. Na estrada Los Mochis-Navajoa foram interceptados. Ambos se renderam sem disparar. E rapidamente foram levados pela equipe da Marinha a um hotel, à espera de reforços. Assim terminou a fuga de El Chapo. Nessa mesma noite, depois de ser exibido diante dos jornalistas, com o rosto um pouco mais gordo e bigode, o líder do cartel de Sinaloa foi conduzido em helicóptero à prisão de segurança máxima de El Altiplano. A mesma da qual escapou em julho. A história volta a começar. (Pararijo
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