(Foto: J.R Avelar)
Quando dona
Teodora nasceu, a Coca-Cola tinha acabado de ser lançada, o telefone mal
havia chegado ao Brasil, o nosso planeta ainda não tinha passado por
nenhuma guerra mundial e Belém era uma jovem cidade de 284 anos. Há
pouco mais de 2 meses, Teodora Maria de Alcântara completou exatos 115
anos de vida, tornando-se, assim, a sexta mulher mais velha do mundo.
Nascida no dia 18 de agosto de 1900 Teodora é paraense, natural de
Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó.
Dona Teodora nasceu em 18/08/2015.
Registrada como Teodora Maria de
Alcântara, sob o número 89378, do Livro 92, Folha 199V do cartório, ela
se mantém firme e demonstra lucidez impressionante. Fala com
desenvoltura, está sempre de bom humor e é dona de admirável
simplicidade. Com enorme coração de mãe centenária, ela se orgulha em
dizer que, até hoje, cuida dos filhos, com idades entre 85 e 51 anos.
Com energia para subir e descer,
várias vezes ao dia, a escada de três degraus na porta da sua casa, dona
Teodora mora num sítio humilde, na localidade Japum, onde o tempo
realmente parece ter parado. Ao receber a reportagem do DIÁRIO, ficou
desconfiada e quis saber quem estava interessado em falar com ela. “Quem
é o senhor?”. Após as devidas apresentações, ela emendou, sorrindo:
“Ah, é aquele moço que fala na rádio, toda manhã”. E gritou, para toda a
família ouvir: “Avisa que JR Avelar está aqui!”. Logo, o lugar ficou
tomado de filhos, netos, bisnetos e vizinhos, bem do jeito que dona
Teodora gosta.
Prova da sua vitalidade é que, no dia
em que conversou com o DIÁRIO, ela havia acabado de chegar de um
protesto de moradores, na frente da Prefeitura, para cobrar a instalação
da rede elétrica. “Se o prefeito não der resposta, vamos fechar
novamente o ramal”, disse, com firmeza. Como explicar a longevidade?
Dona Teodora conta que não tem do que se queixar. Dorme cedo e acorda
com o nascer do Sol. E tem um hábito: fuma um cachimbo, todos os dias,
antes de dormir. Coisas de uma jovem de 115 anos.
A velhinha é valente
No ano passado,
dona Teodora Alcântara experimentou a sensaçãode insegurança, que
também chegou à distante comunidade do Japum, onde mora com o filho mais
novo. Foi um assalto à noite. Dois homens e uma mulher bateram na porta
da vovó. E como é o costume no interior, o atendimento foi amistoso.
Poderia ser alguém precisando de algo. Dona Teodora dormia na rede,
quando ouviu homens dizendo que “era um assalto”. Eles ordenavam ao
filho que desse todo o dinheiro da casa. O desfecho: armada de um
terçado rabo-de-galo, que se tornou o companheiro inseparável, a vovó
investiu contra os assaltantes, que acabaram fugindo.
ELA QUER LUZ E TV
ELA QUER LUZ E TV
Atingir 115 anos é
missão para poucos no Brasil, país com uma expectativa de vida de 74,8
anos. Na última década, caiu em 1,4% a população centenária. Envelhecer
hoje é uma marca para poucos. Mas dona Teodora contraria as expectativas
frente aos 11 filhos, 29 netos, 33 bisnetos e 11 tataranetos. “Ela tem
dificuldade só em um ouvido. Enxerga bem, não tem problema de pressão e
fala pelos cotovelos”, sorri o filho, Raimundo Alcântara, 51.
Questionada sobre o segredo da vitalidade, Teodora revela: “Meu filho,
eu acordo de madrugada, faço meu café e vou cuidar das minhas criações”.
São galinhas e porcos no quintal. A expectativa de dona Teodora é a
chegada da luz elétrica. Foram 115 anos usando candeeiros, lampiões e
lamparinas.
“Quero ter minha geladeira, minha televisão e deixar os anos de escuridão para trás”, declara, sorrindo.
(J.R Avelar/Diário do Pará/Pararijos NEWS)
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