Jatene fugiu de
perguntas da imprensa sobre envolvimento dele em esquema para ocultar e
burlar laudo do Corpo de Bombeiros sobre o PSM da 14 (Foto: Jaime
Souza/Arquivo)
Na manhã de ontem,
o governador Simão Jatene e o coronel Nahum Fernandes, comandante-geral
do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), estiveram no evento que comemorava
o Dia Nacional do Bombeiro, no quartel do comando-geral da Corporação,
em Belém. Era para ser um dia de festa. Jatene e o coronel Nahum
discursaram e apresentaram dez veículos de combate a incêndios
florestais, adquiridos com recursos federais, de cerca de R$ 16 milhões,
conseguidos ainda no governo de Ana Júlia Carepa, junto ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Havia, porém, um
clima de tensão.
Era a primeira ocasião em que o
governador e o comandante-geral do CBM apareciam juntos num evento
público, após o incêndio que ocorreu no Pronto-Socorro Mário Pinotti, o
PSM da 14, na semana passada e que acabou causando a morte de, até
agora, três pessoas. O episódio levou o promotor militar Armando Brasil a
declarar a abertura de Procedimento Investigatório Criminal (PIC), para
apurar a culpa de Jatene, do coronel Nahum e do prefeito de Belém,
Zenaldo Coutinho, no incêndio.
Suspeitos de estarem envolvidos
num esquema para ocultar e burlar o laudo do CBM, do ano passado, que
apontou diversas irregularidades no hospital - inclusive problemas na
fiação elétrica, que teriam dado origem ao incêndio -, o governador, o
prefeito e o coronel podem ser processados. E Zenaldo pode até ser
acusado de homicídio doloso indireto, podendo pegar pena de 6 a 20 anos
de prisão, conforme denunciou reportagem do DIÁRIO.
Durante seu discurso no evento,
Simão Jatene falou sobre a importância do trabalho dos bombeiros e
agradeceu o empenho de todos os integrantes da Corporação. O governador,
porém, estava visivelmente tenso. E ficou ainda mais nervoso quando,
durante a coletiva à imprensa, a reportagem do DIÁRIO preparava-se para
questioná-lo sobre o incêndio no PSM da 14 e o suposto desaparecimento
do laudo do CBM.
No mesmo momento, assessores de
Jatene cercaram o governador e fizeram um cordão de isolamento, para
tirá-lo do local da entrevista. Com isso, o coronel Nahum Fernandes teve
de responder sozinho às perguntas sobre as investigações a respeito do
sumiço do laudo e da tragédia no PSM da 14. “Não posso adiantar nada. O
perito está fazendo o seu trabalho. Em breve, teremos esse laudo
concreto do sinistro que houve no hospital”, disse. E, a cada pergunta
que se seguia, o coronel dava a mesma resposta: “Não posso adiantar
nada. Vamos esperar o perito concluir o seu trabalho”.
O comandante-geral do CBM do Pará
chegou, ainda, a ser questionado diretamente se o prefeito Zenaldo
Coutinho teria feito algum pedido especial com relação ao suposto
desaparecimento do laudo emitido em 2014 pelos Bombeiros. Nahum
Fernandes poderia negar, dizer que isso nunca aconteceu. Mas o coronel
preferiu desconversar e se restringiu a falar da perícia que está sendo
realizada com o intuito de apontar as causas do incêndio no hospital. “O
Corpo de Bombeiros está elaborando o laudo. Vamos ter um pouco de
paciência.”
(Diário do Pará)
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