KEILA FERREIRA
Da Redação
Cinco
dos 14 acusados de fraudes na folha de pagamento da Assembleia
Legislativa do Estado do Pará (Alepa), com a inclusão de funcionários
“fantasmas”, serão interrogados essa semana, entre eles o ex-deputado
estadual José Robson do Nascimento, o Robgol, que foi jogador do
Paysandu e ídolo da torcida. Ele é acusado de ter se beneficiado com o
esquema, incluindo nomes de familiares como servidores da Casa, sem que
essas pessoas trabalhassem no Legislativo estadual. Na época em que o
caso veio à tona, foram apreendidos, em operação do Ministério Público e
da Polícia Civil, R$ 500 mil, além de R$ 40 mil em tíquete-alimentação
da Alepa, na casa do ex-atacante. O interrogatório dele é um dos mais
esperados dentro do processo. Essa semana também serão ouvidos Elenise
da Silva Lima, Maria Genuína Carvalho de Oliveira, Daura Irene Xavier
Hage, Fernando Augusto de Carvalho Rodrigues.
Nos primeiros interrogatórios, realizados na última semana, a maioria
dos acusados confirmou a existência do esquema fraudulento, mas Mônica
Pinto - ex-chefe da folha de pagamento e da Divisão de Pessoal da Alepa -
foi apontada como idealizadora e pessoa que mais se beneficiava com as
irregularidades. Semel Charone, ex-chefe de gabinete civil da
Presidência, por exemplo, admitiu que indicou nomes de amigos e
familiares, entre eles a própria sogra, o marido e uma empregada
doméstica, para figurarem como servidores do Poder Legislativo, sem que
eles trabalhassem lá. Porém, alegou que foi pressionada por Mônica a
participar do esquema e que era Mônica quem ficava com a maior parte do
dinheiro.
Mylene Rodrigues, outra ré, foi além, e afirmou que Mônica pediu
documentos de pessoas carentes para fazer um cadastro de doação de
brinquedos e alimentos e que a ex-chefe da Divisão de Pessoal inseriu
essas pessoas na folha de pagamento da Alepa sem que ela soubesse.
Admitiu que eram depositados valores a mais na sua conta do Banpará, que
chegavam a R$ 25 mil por mês - além do seu salário de R$ 800 -, mas
garantiu que entregava todo esse dinheiro à Mônica e esta, por sua vez,
lhe devolvia um percentual bem menor, que correspondia a cerca de R$ 2
mil. Ainda segundo Mylene, receber esse dinheiro foi a condição imposta
para que ela pudesse trabalhar na Assembleia.
“Nos próximos, a gente só espera tiroteio em cima dela. Mas todos
estão admitindo que recebiam dinheiro ilegal”, declarou o advogado de
Mônica Pinto, Luciel Caxiado, sobre o fato dos acusados estarem
apontando a responsabilidade das irregularidades apenas para a sua
cliente. Segundo ele, isso já era esperado. Com o benefício da delação
premiada homologado pela juíza Alda Tuma, Mônica foi a primeira a ser
ouvida, dando detalhes do esquema de desvio de dinheiro público que
acontecia na Assembleia Legislativa e explicando a participação de cada
réu na ação fraudulenta. Declarou que ganhou cerca de R$ 300 mil com as
irregularidades.
Os advogados dos demais réus têm criticado o acordo de delação
premiada concedido a Mônica. Roberto Lauria, que defende Robgol e Maria
Genuína, chegou a dizer essa semana que a “pseudo delação premiada” está
cheia de vícios e erros e que Mônica “está jogando um pouco de vingança
para alguns desafetos que tinha na Casa”. A delatora teria problemas
pessoais com Maria Genuína e também manteve um relacionamento com
Robgol, que não teria terminado de forma amistosa. Para ler a matéria completa, assine O Liberal Digital! (Pararijos NEWS)
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