domingo, 29 de novembro de 2015
Chacina aterroriza a cidade
Adilson Diniz Castelo Branco Neto estava com adolescente. Um tiro lhe arrancou um dos olhos.
Quatro pessoas foram mortas e três ficaram feridas numa chacina ocorrida em Belém, na tarde de ontem. Familiares das vítimas entraram em desespero devido a brutalidade dos assassinatos. Todos os casos tinham as mesmas características: um corsa prateado (com quatro pessoas encapuzadas, com luvas e coturnos) e um carro vermelho (sem marca identificada), sem placas e munições de calibres ponto 45, ponto 40 - estas duas de uso exclusivo das polícias e forças armadas - e ponto 380. Um dos feridos está em estado grave e instável, no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE). Duas das vítimas eram adolescentes em conflito com a lei.
O primeiro caso foi na rua Damasco, no bairro da Cabanagem. Um adolescente de 16 anos, segundo contou a mãe dele à PM, havia saído para comprar cheiro verde e estava com a nota de R$ 2 com ele, por volta de 12h30. Ele encontrou com outro jovem, amigo dele, e seguiram andando. O Corsa prateado e o outro carro vermelho vieram em direção a eles e se dividiram. O adolescente foi morto com seis tiros de calibre ponto 380 - cabeça, peito, pernas, costas e braços -, como apontou o perito criminal Ivanildo Rodrigues.
Familiares em choque não deram qualquer informação além de que ele não teria nenhum envolvimento com o crime, apesar de o policial militar cabo Warner Cabral discordar por ele ter ligação com o tráfico de drogas. O policial militar sargento Leonel Costa Souza apontou que havia quatro pessoas no carro e foi enfático em descartar a atuação de milícias, dizendo se tratar de uma execução ordenada por traficantes de drogas de dentro das prisões. O amigo do adolescente, que não foi identificado, conseguiu se salvar, mesmo ferido. A Polícia Civil está à procura dele.
Menos de 30 minutos depois, o mototaxista Rafael Patrick Lima Gomes, de 24 anos, foi alvejado, também, com seis tiros de ponto 380 - cabeça, costas, braços e peito -, como indicou o perito criminal Ivanildo. Os familiares estavam incrédulos olhando para o corpo do rapaz, que era conhecido como “Pato”. Para o cabo PM Warner Cabral, ele foi morto por engano, pois tinha o mesmo apelido de um bandido, também conhecido por “Pato”.
Rafael estava almoçando com um amigo taxista, num pequeno restaurante que fica na avenida Augusto Montenegro, esquina com a rua das Flores. Os mesmos carros prata e vermelho se aproximaram e, de dentro, alguém chamou o apelido dele: “Pato!”. O rapaz olhou e em seguida foi atingindo pelos tiros de homens encapuzados, com luvas e armas em punho. O taxista ainda tentou perseguir o carro no táxi dele, mas foi ameaçado com uma arma e desistiu. Havia uma hipótese levantada pela Polícia Civil de que Rafael Patrick seria apenas usuário de drogas.
Poucos minutos depois, os mesmos carros vermelho e prata foram vistos na ocupação Benedito Moura, vizinha ao conjunto Tapajós. Lá, Dhonnatan Maykon Nunes Pimentel, de 22 anos, conhecido como “Dhon”, foi morto com nove tiros - peito, pescoço e costas -, com os calibres ponto 45 e ponto 40. Ele era traficante e vendia entorpecentes em casa, na passagem Antônio Pena com rua Telmo Marinho. Estava separado da primeira esposa, com quem teve um filho, e estava vivendo com uma adolescente.
O PM cabo Salomão Araújo disse que Dhonnatan estava em casa e foi chamado pelas pessoas dos carros. Ao dar as costas, foi alvejado. As tatuagens de carpa que tinha pelo corpo indicavam o envolvimento dele com roubos e com o tráfico. Supostamente, ele seria o “Pato”, com quem Rafael foi confundido. Os estojos das munições foram encontrados.
“Os policiais do 24º Batalhão de Polícia Militar (BPM) já possuíam informações do que poderia acontecer e iniciaram buscas por esses carros. Fizemos o cerco pelo Benguí, procuramos pelo Tapajós, Tapanã, Cabanagem, ainda na sexta-feira, mas nada”, comentou o cabo Warner Cabral. Outra mulher foi ferida a tiros na Cabanagem, no final da tarde, mas foi socorrida e fugiu, sem identificar-se ou dar entrada em algum hospital. Também foi alvo dos carros prateado e vermelho. A informação foi confirmada por policiais militares e civis que mantiveram contato com o Centro Integrado de Operações (Ciop). (Pararijos NEWS)
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