O prejuízo causado pelas irregularidades na Petrobras descobertas
pela Operação Lava Jato pode chegar à casa dos R$ 42,8 bilhões, de
acordo com o laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal (PF)
em um dos processos da operação. A Lava Jato investiga um esquema
criminoso de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro envolvendo
funcionários de alto escalão da petrolífera, diretores das maiores
empreiteiras do país e operadores.
Ainda conforme a investigação, as empreiteiras se organizavam em
cartel para vencer licitações e se beneficiar de aditivos aos contratos.
Essas empresas pagavam propina a diretores e gerentes da Petrobras,
operadores e a partidos políticos como PP, PT e PMDB por doação
eleitoral. As legendas negam que tenham recebido dinheiro ilícito.
Oficialmente, em abril deste ano, a Petrobras divulgou rombo de R$ 6
bilhões. A cifra foi caracterizada como conservadora pelo presidente da
Petrobras, Aldemir Bendine, uma vez que poderiam surgir novos fatos na
investigação. O Ministério Público Federal (MPF) considerou, em outubro,
que o prejuízo passaria de R$ 20 bilhões.
"O que nós temos hoje é que apenas a propina da Petrobras envolveu
mais de R$ 6,2 bilhões (...) Isso aponta que possivelmente o valor do
prejuízo superará R$ 20 bilhões", chegou a afirmar o procurador da
República Deltan Dallagnol, que é coordenador da força-tarefa do MPF
para a Lava Jato.
Esta estimativa de R$ 42 bilhões tem como base uma tabela com os
pagamentos indevidos envolvendo as 27 empresas apontadas como
integrantes do cartel na Petrobras. São considerados percentuais
informados pelos colaboradores da investigação (3%) e o percentual
máximo cogitado pela Polícia Federal (20%).
"Tais pagamentos teriam sido viabilizados por meio da majoração
excessiva das margens de lucros das contratantes, em percentuais bem
acima daqueles constantes dos Demonstrativos de Formação de Preços (DFP)
apresentados, uma vez que realizados em ambiente cartelizado", diz
trecho do despacho.
Os colaboradores da Lava Jato, réus que firmaram acordo de delação
premiada para repassar informações sobre o esquema de corrupção em troca
de redução nas penas em caso de condenação, afirmaram que a propina
variava entre 1% e 3% do valor total do contrato e aditivo.
Por outro lado, a análise da Polícia Federal considera que muitos
contratos foram fechados em percentuais bem próximos do valor máximo de
20% acima das estimativas de referência da Petrobras. Em especial, os
contratos envolvendo obras para implantação da Refinaria Abreu e Lima
(Rnest) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). (Pararijos NEWS)
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