Nos últimos três meses saltaram para 20 os casos notificados de febre
tifoide no município de Breves, na ilha do Marajó, no Pará, levando uma
equipe de pesquisadores e técnicos do Instituto Evandro Chagas (IEC) a
investigar a possibilidade de surto da doença. De março a agosto de 2015
eram quatro casos. Em setembro ocorreram nove e em novembro chegou a
20, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan
Net).
Foto: Agência Pará
Na análise dos resultados laboratoriais e das fichas
clinico-epidemiológicas observou-se que foram processadas um total de 76
amostras de hemoculturas, 85 de coproculturas e 122 amostras para a PCR
de casos suspeitos, contatos intradomiciliares e controle da vizinhança
de febre tifoide. Na investigação de Salmonella Typhi (bactéria
causadora da febre tifoide), todos os resultados foram negativos nas
amostras de hemocultura e coprocultura, provavelmente em função do uso
de antibióticos pelos pacientes. No entanto, 46 resultados da PCR foram
positivos para o agente.
Nos casos em que foram identificadas cepas de Salmonella Typhi, a
notificação foi feita imediatamente às autoridades de saúde estaduais e
municipais conforme fluxo rotineiramente praticado no IEC. Em seguida,
foi instituído o tratamento pelos médicos que compõem oficialmente a
equipe técnica do estudo. Do mesmo modo, medidas de vigilância voltadas à
procura de portadores intradomiciliares serão executadas normalmente
como já se realiza na rotina do IEC.
Segundo a doutora Daniela Rocha, que coordena o Laboratório de
Enteroinfecções Bacterianas (Sabmi) do IEC, a febre tifoide tem
prevalência elevada em regiões de precárias condições sanitárias e é um
tema importante em saúde pública, sobretudo na região Amazônica, onde o
Pará contribui com grande parte dos casos, inclusive frequente
ocorrência de surtos.
A doença é de notificação compulsória devido seu elevado potencial
epidêmico. A febre ainda é subnotificada pelas dificuldades no
reconhecimento clínico e no diagnóstico laboratorial no qual se
reconhece a interferência dos antibióticos no isolamento e identificação
do agente causal, contribuindo para que muitos casos passem
despercebidos. “Assim, esforços devem ser realizados no sentido de
melhorar o diagnóstico e dar maior visibilidade ao problema, sobretudo
em termos de prevalência, para que se possam programar medidas mais
eficazes de combate e controle da doença.” explica a doutora.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) foi que solicitou o apoio do
IEC à investigação epidemiológica. O trabalho é desenvolvido em parceria
com o Laboratório Central do Estado (Lacen) e a Secretaria Municipal de
Saúde de Breves. O trabalho consistiu na aplicação de questionário
domiciliar e no diagnóstico de possíveis casos, bem como de portadores
assintomáticos através da coleta de sangue e fezes.
O objetivo é também identificar áreas de risco pela verificação da
distribuição geográfica dos casos. Servidores da Samam coletaram
amostras de água de beber e consumo com a finalidade de pesquisar
indicadores de poluição fecal.
As mesmas residências nas quais foram coletadas as fezes participaram
da amostragem para avaliar a qualidade da água. Para cada residência,
uma ficha foi preenchida, contendo dados pessoais, sociais,
higiênico-sanitários, de doenças atuais e pregressas e hábitos
alimentares. (Pararijos NEWS)
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