“Que tempo bom”. A frase é quase que unânime quando os torcedores de Remo, Paysandu e Tuna lembram as participações de seus clubes do coração na Série A do Campeonato Brasileiro. A saudade também vem carregada de recordações de jogos inesquecíveis e adversários de alto nível, além de campanhas inspiradoras. Os bons tempos, conforme dizem os nostálgicos apaixonados, também contrastam com o atual momento dos clubes paraenses, que não disputam a primeira divisão a pelo menos 10 anos.
Bicolor inesquecível
Na família Brandão o Paysandu é protagonista de boas histórias e recordações inesquecíveis há 3 gerações. Uma delas é a campanha bicolor na Série A de 2002, ano que o Santos de Robinho e sua trupe padeceram sob os olhares de mais de 40 mil pessoas nas arquibancadas do Mangueirão. Ainda teve spray de pimenta no rosto do então treinador Emerson Leão.
– Era um tempo bom. Sempre víamos o Paysandu dar show no Mangueirão. Para mim uma das melhores campanhas na Serie A foi a de 2002. Esse ano, tivemos bons resultados aqui, vitórias marcantes, como contra o Santos. Quem não se lembra do fato engraçado envolvendo o Emerson Leão. Ele tirou sarro com os jogadores e os torcedores do Papão e tentou agredir um policial, que jogou spray de pimenta nele. Aquele time do Santos era muito bom – relembra o aposentado Roberto Brandão, patriarca da família, aos 68 anos.
Família Brandão tem histórias inesquecíveis do Paysandu contra grandes clubes do Brasil (Foto: Samara Miranda)
O filho de Roberto, Eduardo, tem 39 anos, vai mais além e lembra até de derrotas inesquecíveis, como na vez em que os bicolores enfrentaram o Corinthians de Neto, Dinei e Viola, um ano após a conquista do título da Série B de 1991. Sem vencer no campeonato há várias rodadas, o empresário pintou o rosto de azul e branco e seguiu para o Mangueirão confiante na redenção bicolor no torneio.
– Em 92, Paysandu e Corinthians ficou marcado. O Papão nunca ganhava o time do Corinthians. Nesse tempo o time deles era um timaço, com Neto e Viola. Lembro que eu fui com o rosto todo pintado de tinta guache de azul e branco. O Neto acabou quebrando a perna do nosso lateral Correia, um dos nossos jogadores principais. O time sentiu a saída do Correia e o Neto não voltou para o segundo tempo com medo de acabar sendo vaiado. Acabou que perdemos o jogo por 2 a 1. E foi a primeira vez que chorei pelo Papão, eu soluçava, foi muito triste e a tinta escorria pelo meu rosto. Esse dia ficou marcado – relembrou.
Leão histórico
Apesar do Remo ter de brigar para disputar a quarta divisão do campeonato Brasileiro desde 2009, o torcedor se orgulha da campanha memorável na Série A de 1993, quando o time terminou o campeonato na sétima colocação geral, a frente de clubes como o Flamengo, Internacional, Grêmio, Fluminense e Vasco da Gama.
SAIBA MAIS
– Tivemos uma primeira fase regionalizada em que fomos muito bem, inclusive eliminando o nosso maior rival e classificando junto com o Vitória para a fase decisiva. Era uma espécie de semifinais em dois grupos de quatro. Passamos pela Portuguesa e caímos no grupo do Palmeiras, São Paulo e Guarani. Na época esses times eram muitos fortes. Chegamos a empatar com o Palmeiras da era Parmalat. O Remo não tinha muito medalhões na equipe, mas tínhamos o Mauricinho, ponta do Vasco, que chegou aqui e jogou uma bola que deixava qualquer um entusiasmado. Tínhamos valores locais, tipo o Guilherme. Fico saudoso recordando esses tempos – recorda Maurício Lima, advogado de 37 anos.
A paixão de Lima pelo Remo esbarrava no pai, Alípio, torcedor do rival bicolor. Em um dos jogos mais importantes do Leão, segundo Maurício, a surpresa positiva começou dentro de casa.
– Como os jogos aconteciam no Mangueirão, e era distante, meu pai me levou ao estádio junto com meus amigos. Ele ficou lendo jornal e comendo amendoim, mas sequer observava a partida. Já tinha desistido de me fazer virar casaca. Esse jogo ficou marcado, pois vencemos por 5 a 2 e nos credenciamos para a fase decisiva do campeonato. O jogo em si foi marcado pelo grande Ageu Sabia que destruiu o time da Portuguesa do badalado Denner – explica.
Águia guerreira
Em 1986, depois de se tornar campeã da Série B, a Tuna Luso iniciava sua tgerceira caminhada na primeira divisão sob a desconfiança da torcida. Pudera: o clube da Região Norte teria pela frente no Grupo C a equipe do Vasco, o Cruzeiro, Santos, Bahia, entre outros times. A “ficha” só caiu para Fernando da Cunha Junior, de 45 anos, na terceira rodada, na vitória dos lusos sobre o Náutico, no Estádio do Mangueirão.
Vitor tem 20 anos e nunca viu a Tuna Luso na primeira divisão (Foto: Arquivo Pessoal)
– Era difícil acreditar que a Tuna estava na Série A, na elite, que veríamos jogos da Tuna contra grandes clubes do futebol nacional. Até a terceira rodada, não tínhamos ganhado nenhuma partida. Daí, contra o Náutico, com três gols de Clovis, vencemos. Tuna jogou fácil e venceu com autoridade. Foi quando, realmente, acreditei que o meu time do coração estava disputando a Série A – revelou o administrador de empresas, torcedor da Águia Guerreira.
A paixão pelo clube mais antigo do Pará acabou chegando ao sobrinho de Fernando. Vitor Tourinho, de apenas 20 anos, não viu a Tuna em nenhuma grande competição nacional, apenas na Série C, mas mantém vivo o sonho de ver a Lusa de volta ao cenário nacional.
– Claro que eu sonho com a Tuna na Série A, jogando grandes jogos, voltando aos tempos de glórias, mas hoje em dia as coisas no futebol dependem muito de planejamento a médio e longo prazo. Então se a Tuna conseguisse voltar para uma Série B, já seria uma grande avanço. Sou realista e sei que isso tudo depende de muito trabalho e uma gestão mais profissional – acredita o estudante, que acompanha o clube do coração desde os três anos.
Na família Brandão o Paysandu é protagonista de boas histórias e recordações inesquecíveis há 3 gerações. Uma delas é a campanha bicolor na Série A de 2002, ano que o Santos de Robinho e sua trupe padeceram sob os olhares de mais de 40 mil pessoas nas arquibancadas do Mangueirão. Ainda teve spray de pimenta no rosto do então treinador Emerson Leão.
Em 1986, depois de se tornar campeã da Série B, a Tuna Luso iniciava sua tgerceira caminhada na primeira divisão sob a desconfiança da torcida. Pudera: o clube da Região Norte teria pela frente no Grupo C a equipe do Vasco, o Cruzeiro, Santos, Bahia, entre outros times. A “ficha” só caiu para Fernando da Cunha Junior, de 45 anos, na terceira rodada, na vitória dos lusos sobre o Náutico, no Estádio do Mangueirão.
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