Nas duas partidas que decidiram a Série C, o que se viu foram dois
times quase idênticos em seus pontos fortes e fracos. Em um quesito,
porém, o Macaé-RJ sempre foi superior: a tranquilidade.
Somente quando o lateral esquerdo Diego fez o terceiro gol do 3 a 3
de ontem é que o time fluminense ficou com uma vantagem considerável
sobre o Paysandu. Quando fez 1 a 0 no Moacyrzão, no jogo de ida, o Leão
teve pouco tempo de vantagem. Ontem, enquanto o Papão era pura
transpiração e esteve em quatro momentos com a taça nas mãos, o Macaé
parecia em nada se abalar e continuava jogando com serenidade.
Antes do jogo, o técnico Josué Teixeira “cantou a pedra” quando
perguntado sobre a preparação de seu time para aguentar a pressão da
torcida paraense: “Que pressão?”. O que parecia empáfia, na verdade
mostrava a confiança que ele tinha em seus comandados.
A tranquilidade foi colocada à prova já no Hino Nacional, quando a
Fiel cantou quase uníssona, abafando o sistema de som do Mangueirão e
proporcionando um belo espetáculo. Nem quando Zé Antônio abriu o placar,
aos 16 do primeiro tempo, cabeceando um cruzamento de Aírton, os
bicolores visitantes se abalaram.
Continuaram com o toque de bola e o ritmo do “devagar e sempre”.
Mesmo ainda sem maior volume de jogo, o Macaé empatou aos 43, quando o
atacante João Carlos escorou de cabeça uma cobrança de escanteio.
Na saída para o intervalo, o zagueiro Fernando Lombardi parecia
antever o que viria a acontecer. “É final e não podemos dar espaço,
rifar a bola e deixar de tocar. Temos que jogar”, disse.
Mesmo fazendo dois gols, o Paysandu continuou jogando dessa forma, ao
passo que o Macaé tocava a bola. O Papão deu um sinal de que
controlaria o jogo logo aos seis minutos, quando Ruan tabelou com Bruno
Veiga e mandou um chute rasteiro cruzado de fora da área, no canto do
goleiro rival, desempatando o duelo.
Mas o time visitante respondeu sete minutos depois, mais uma vez com João Paulo, que escorou um cruzamento vindo da direita.
Na base do abafa, o Paysandu voltou a encher a Fiel de esperança aos
22. Pikachu acreditou em uma jogada que parecia perdida, roubou do
zagueiro Felipe Machado e cruzou rasteiro para o Rômulo, de letra, fazer
um golaço.
Mal deu tempo da torcida soltar o grito de campeão e o Macaé voltou a
empatar, aos 30. Diego, um dos melhores nos dois jogos, tabelou com
João Carlos e chutou entre as pernas de Paulo Rafael. A partir daí, o
time fluminense tocou a bola e paraense correu desordenadamente. Fim de
jogo: título nacional para o Macaé.
No lado bicolor, lamentos, apesar do apoio da Fiel no estádio
O apito final do jogo deu sequência as lamentações dos bicolores.
Embora o Paysandu, de fato, tenha conquistado o que interessava, que foi
o retorno à Segunda Divisão, a perda do título da Série C foi uma ducha
de água fria. Ao menos pelas reações dos jogadores, apesar dos aplaudos
da torcida, que gritou: “time de guerreiros”.
“Estou triste, assim como todo o grupo está. Ganhar o primeiro título
como profissional, com esse estádio lotado, seria um sonho”, lembrou
Ruan, de apenas 21 anos, que fez o segundo gol do Papão na partida,
depois de um chute certeiro, de fora da área.
“Sou um jogador, senti o baque”, continuou, para logo falar
diretamente com a torcida bicolor: “Peço desculpas a essa torcida
maravilhosa. Mesmo não conseguindo esse título, eles (torcedores)
gritaram o nosso nome o tempo inteiro e depois do apito final”.
O mesmo tom marcou a declaração do volante Ricardo Capanema, que
atuou improvisado como zagueiro. “A gente fica triste, mas tem que
passar, porque conquistamos a vaga na Série B. Nós do Paysandu atuamos
com garra. Mas, do outro lado, também teve uma equipe aguerrida. E tem
os méritos deles. Infelizmente, não conseguimos o título, mas vamos
pensar para frente”, declarou, ainda no gramado do Mangueirão, quando
também teve o seu gritado. “Quero agradecer a torcida, aos familiares e
aos amigos”, acrescentou.
O atacante Rômulo, que acrescentou qualidade ao setor ofensivo do
Paysandu, também lamentou o fato de não ter obtido o que seria o seu
primeiro título como jogador profissional. Acerca do gol de letra que
colocou o Paysandu à frente do marcador, comentou: “Fico feliz pelo gol,
mas ao mesmo tempo triste, porque a equipe não alcançou o seu objetivo.
Mas devemos pensar para a frente.
Amazônia Jornal
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